No dia 28 de janeiro, mas uma vez tive a oportunidade de ir à região de Mariana, MG, continuar o trabalho com a terapia floral. A sensação é sempre de felicidade, embora saiba que vou encontrar a tristeza. Mas essa sensação é importante para estar com essas pessoas com leveza. Grande parte dessa felicidade vem delas, é a troca que recebo.
Umas das primeiras alegrias dessa vez foi a companhia da minha amiga Daniella Oliveira, também terapeuta floral, que pôde vivenciar comigo essa experiência maravilhosa: levar dentro de vidrinhos de florais, amor, esperança e recuperação.
A outra alegria é sermos recebidas pela Patrícia e pela Díude, donas da pousada onde temos o prazer de repousar. Nos sentimos como se estivéssemos em casa. Com certeza o melhor pouso e acolhimento que poderíamos receber.
Também, ao longo do caminho, reencontrar com as pessoas com as quais estive na primeira vez. Vê-las, ouvi-las, saber delas.
Ainda não existe um trabalho sistematizado, é o que estamos tentando estabelecer. E muitas vezes, o planejado não acontece. Mas, a vontade de realizá-lo, sempre encontra uma forma. Conseguimos fazer mais uma reunião em Barra Longa, no salão comunitário, com um grupo de 15 pessoas.
Dessa vez, como tivemos a grata participação da Daniella, que abraçou essa causa com o coração, pudemos conversar com cada pessoa, colher os dados de todos e, também, recebemos feedbacks positivos de pessoas que estavam presentes na primeira reunião. A despeito de resultados individuais, que foram significativos, a frase mais ouvida era: “Estou mais calma(o)”.
Também: “Estou conseguindo dormir”, “Já não estou tão nervosa(o)”. Algumas pessoas que estiveram na primeira reunião não retornaram, outras vieram porque ouviram falar e queriam os florais. Todos sempre levam para familiares ou alguém que conhecem e precisam.
Dessa vez, infelizmente, não conseguimos ir até Gesteira, pois a estrada até lá é de barro e com as chuvas a passagem estava difícil. Mas eles ainda têm fórmula disponível que deixei com uma moradora de lá na primeira vez que fui.
Também visitamos o abrigo de animais. Lá, a rotatividade de voluntários e profissionais tem sido grande, o que dificulta a possibilidade de colhermos os resultados. Mas já tivemos um positivo de quem me recebeu na primeira visita: “Os animais ficaram bem mais calmos, não brigaram tanto”.
Os cachorros e gatos que ainda estão lá (e sempre chegam mais) estão com a carinha de “por favor, me leva”. Muitos deprimidos e estressados. Ainda estão esperando que os donos apareçam, para depois serem oferecidos para adoção. Enquanto isso, mais florais foram disponibilizados para que possam passar por esse momento com maior bem estar.
Conseguimos um contato, através de mais uma pessoa querida que conhecemos, que nos dará acesso aos desabrigados de Bento Rodrigues, os mais afetados pela tragédia.
Essas pessoas estavam presentes na missa do dia 23 de dezembro, onde pude distribuir as garrafinhas com os florais. Tive um retorno positivo desse contato: seu tio tomou os florais e tem estado “mais calmo”. Espero, na próxima ida, encontrá-los e colher mais relatos positivos. Como não foi possível estar com eles dessa vez, deixei garrafinhas preparadas para serem oferecidas por essa pessoa, a quem estiver precisando.
A mesma pessoa que nos forneceu esse contato, através do seu trabalho tem acesso as áreas mais prejudicadas e se dispôs gentilmente a levar as fórmulas para os rios e a terra dessas regiões. É uma pessoa muito sensível e ligada a natureza. Mais uma coisa boa que acontece com fluidez e conexão nesse trabalho. Muita gratidão!!!
Ter pessoas do local que tenham a disponibilidade de ajudar, é importante para que as essências florais tenham uma atuação durante os dias nos quais não estamos lá.
Bem, a primeiríssima alegria dessa jornada é, sempre, receber e segurar em minhas mãos o pacote com as essências florais da Ararêtama, que a Sandra Epstein prepara.
Tenho certeza que com muito amor! Entregar essa fórmula para cada pessoa é um ato de felicidade. Expresso essa palavra repetidamente, porque é a sensação que permeia esse trabalho a todo o instante, mesmo quando o cansaço bate. Também gosto de lembrar, que a minha viagem para lá está sempre ligada à natureza, e o nosso trabalho se estende para ela. Essas essências vêm dela, voltam para ela. Com reverência. Para a terra e para os rios. Sei que isso soa estranho para quem não conhece a atuação dos florais, mais existem estudos que mostram sua eficácia com as plantas e com os animais. Não sei qual o efeito isso terá frente à tamanha devastação, mas, da mesma forma que a destruição não pára, também não podemos parar. E um dos temas desse trabalho são a esperança e a recuperação. A Sandra e a Mata Atlântica, toda a minha gratidão!
Dependemos de doações em dinheiro para essa tarefa se realizar. Dessa vez, não conseguimos ainda nem metade do que precisamos, mas dentro de mim existe a certeza de que esse trabalho não para enquanto for necessário.
Sei que ainda terá muito que ser feito por lá ao longo do tempo: os rios estão tomados pela lama, a natureza ferida e as pessoas devastadas. Ainda estão sob a ameaça de vazamentos constantes e a negligência do poder público, da Vale, BHP e Samarco. Os funcionários que trabalham retirando a lama, não usam luvas, máscaras, para passar a idéia de que a lama não é tóxica. As conseqüências disso tudo são previsíveis.
Minha mãe me disse que esse é um trabalho de formiguinha. Sinto que é assim mesmo. Mas uma formiga nunca está sozinha. E as essências florais, tal como as flores, tem o poder de se espalhar, saltar para as pessoas. Isso é uma dádiva.
Abraços,
Ana Lúcia Pedrozo
Sobre Ana Lúcia Pedrozo
Terapeuta Cognitivo-Comportamental e Terapeuta Floral
Psicóloga formada pela UERJ
Mestre em psicologia pela UFRJ, com o tema Tratamento da Terapia Cognitivo-Comportamental para o Transtorno do Estresse Pós-traumático.
Formação Florais de Bach Healingherbs
Especialização em Terapia Floral HESFA\UFRJ